No início do Século XX, a França atraía muitos brasileiros, que iam para lá atrás de estudos ou de sua intensa vida cultural. Por outro lado, São Paulo começava a experimentar um grande crescimento. Intelectuais, professores e reitores de universidades e de centros culturais empenharam-se em desenvolver relações e trocas entre os dois países.
As forças se uniram para criar um centro de difusão e de convergência entre as culturas brasileira e francesa. Em 1923, depois de uma pausa causada pela I Guerra Mundial, foi fundada a Sociedade Civil Liceu Franco-Brasileiro – mas a construção do edifício na Rua Mairinque já tinha começado dois anos antes, em 1921. A partir de 1941, o Liceu passou a se chamar Pasteur, assim como a Fundação que o mantém.
Com o crescimento do número de alunos, o curso bilíngue franco-brasileiro estabeleceu-se, em 1963, no prédio denominado Casa Santos Dumont, situado na Rua Vergueiro e construído com financiamento de empresas francesas. Em 2012, as autoridades educacionais brasileiras reconheceram integralmente o curso de educação básica oferecido desde a educação infantil até o ensino médio, criando uma nova e única unidade educacional bilíngue da Fundação Liceu Pasteur.
Durante esses 100 anos, as duas escolas mantidas pela Fundação Pasteur ajudaram alunos a aprender, a escolher e a conquistar autonomia.
Do jardim até o ensino médio, as crianças têm contato com um ensino em vários idiomas: além do português, francês e inglês, elas aprendem ainda o espanhol e o alemão e podem ter aulas de grego e latim. No fim do curso, têm a opção de fazer o BAC, certificação francesa, o OIB, que é internacional, e também o Enem.
No dia 28 de fevereiro de 2019, ocorreu oficialmente a inauguração do projeto Grand Lycée Pasteur, que unificará os tradicionais colégios Lycée Pasteur (Unidade Vergueiro) e Liceu Pasteur (Unidade Mairinque) em uma escola internacional franco-brasileira com currículo plurilíngue e capacidade para 3.000 alunos. A unidade Mairinque ganhará 13.000 m² de construção e terá outros 11.000 m² reabilitados. Serão mais 50 novas salas de aula. Juntas, as duas unidades farão parte da Agência para o Ensino Francês no Exterior (AEFE), rede que já possui 552 colégios franceses localizados em 138 países.
Com isso, a unidade Vergueiro abrigará os alunos do Jardim e do Fundamental I, enquanto que a Mairinque ficará com os do Fundamental II e do Ensino Médio.
Além da importância pedagógica, o Projeto Grand Lycée é também um grande legado para São Paulo ao restaurar a Unidade Mairinque e ao modernizá-la para atender às necessidades pedagógicas de hoje. O prédio foi projetado há 100 anos pelo escritório de Ramos de Azevedo, arquiteto responsável por marcos da cidade como o Teatro Municipal e o Mercado Municipal.
A primeira mudança no cotidiano dos alunos acontecerá logo na entrada, que contará com uma área segura de embarque e desembarque para aqueles que vierem de carro. Já quem utilizar o transporte escolar terá uma entrada separada. Os professores e funcionários contarão com um estacionamento com 200 vagas.
A iluminação e a ventilação natural serão privilegiadas. Ainda dentro do aspecto ambiental, para realizar o projeto, cada árvore no entorno e dentro da escola foi catalogada. A unidade utilizará água de reuso para a limpeza, sanitários e a irrigação das áreas verdes. Painéis fotovoltaicos serão instalados para gerar a energia consumida pela escola.
O Projeto Grand Lycée foi pensado com a colaboração de professores, alunos, funcionários e pais em questões como a circulação interna, as salas especiais e a mobília. Todas as cadeiras, por exemplo, contarão com apoio dorsal. As mesas dos alunos foram projetadas para serem usadas individualmente, em dupla ou em grupo.
Com o Projeto Grand Lycée, os alunos terão novas salas de ciência e tecnologia equipadas com os materiais mais avançados, como impressoras 3D, uma biblioteca e um espaço híbrido, onde poderão socializar e estudar. O auditório, com capacidade para 350 pessoas, poderá se abrir tanto para o pátio coberto norte quanto para o sul.
Para o esporte, a comunidade terá um campo de rugby, modalidade praticada tradicionalmente na escola, implantado num teto-jardim sobre a marquise que cobrirá parte da área de esporte. Entre os outros equipamentos, a unidade Mairinque terá uma piscina semiolímpica, quadra de tênis e quadras poliesportivas.
O Projeto Grand Lycée ganhou o ABD Design Awards 2020, premiação da Associação Brasileira de Designers de Interiores, na categoria Restauração de Patrimônio. Em 2022, o Projeto foi finalista também do IFI Awards, da Federação Internacional de Designers de Interiores.
